PLANO
DE AÇÃO
A
IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03 NAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA NO MUNICÍPIO DE
PIÚMA–ES QUE ATENDEM O ENSINO FUNDAMENTAL.
Objetivos:
Objetivo
geral:
Percorrer
as escolas do ensino fundamental do Município de Piúma-ES, para assim, efetuar
a Lei 10.639/03 “Educação para as Relações Étnico-racias e o ensino de história e
cultura africana e afro-brasileira, nestas redes de Ensino onde ainda não
são implementadas, ou até mesmo aprimorar onde já possuem para um melhoramento
do cumprimento da mesma.
Objetivos específicos/e ou Estratégias
de Ação:
·
Averiguar quais as disciplinas está se adequando
à Lei.
·
Observar se os livros didáticos adotados
pelas escolas já não apresentam negros de forma estereotipada.
·
Conhecer os Projetos-políticos-pedagógicos e
em quais escolas os propósitos da Lei 10.639/03 já estão contemplados.
·
Identificar professores/as que tenham cursado
seminários , palestras e /ou similares que versem sobre a temática e dialogar
acerca de suas ações/atuações.
·
Oferecer as informações colhidas ao movimento
negro do município Cachoeiro de Itapemirim, para que se necessário, colocar a
disposição a fazer palestras para professores/as e comunidades escolares no
município de Piúma.
Justificativa:
Embora
desde 2003 no Brasil se vigência a Lei 10.639/03 que tornou obrigatória às
escolas públicas e particulares a “Educação
para as Relações Étnico-racias e o ensino de história e cultura africana e
afro-brasileira, que por sua vez alterou a Lei 9394/96 (Lei de Diretrizes e
Bases da Educação). A divulgação das "Diretrizes curriculares nacionais
para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e
cultura afro-brasileira e africana" trouxe aos profissionais de história,
professores e pesquisadores, novos desafios. Questões diversas vezes levantadas
por historiadores e por sujeitos sociais ligados aos movimentos negros, como a
continuidade das desigualdades raciais após a abolição da escravidão,
tornam-se, com essa oportunidade, motivo e incentivo para a implantação de uma
política educacional. Visando à educação e à transformação das relações
étnico-raciais, e criando pedagogias de combate ao racismo e às discriminações,
o caminho escolhido pelas "Diretrizes" foi a valorização da história
e cultura dos afro-brasileiros (Brasil, 2004: 9). Sendo assim, é preciso chamar
a atenção para a importância dos conceitos de cultura e identidade negras (e/ou
afro-brasileiras).
Colocando
no centro do debate conceitos de raça, identidade negra, racismo, democracia
racial, cultura negra, cultura afro-brasileira, pluralidade cultural e cultura
brasileira, a política educacional proposta pelas "Diretrizes" exige
o aprofundamento desses conceitos e sua contextualização no processo histórico.
Para além do evidente envolvimento de educadores, as "Diretrizes"
convocam os profissionais de história para uma ampla reflexão sobre a história
da cultura afro-brasileira, em suas dimensões de pesquisa e ensino. Nos últimos
anos, diversos grupos dos movimentos negros, artistas, integrantes de grupos
culturais e intelectuais negros da academia têm reivindicado o
"reconhecimento", a valorização e a afirmação da identidade e dos
direitos dos afro-brasileiros. Como afirmam as próprias "Diretrizes",
o "reconhecimento" exige justiça e igualdade de direitos sociais,
civis, econômicos e culturais, assim como "a adoção de políticas
educacionais e de estratégias pedagógicas que valorizem a diversidade, visando
superar a desigualdade étnico-racial presente na educação escolar brasileira,
nos diferentes níveis de ensino" (Brasil, 2004: 12).
O
"reconhecimento" ainda exige o questionamento das visões sobre as
relações raciais no Brasil, assim como a valorização e o respeito à história da
resistência negra e da cultura dos africanos e seus descendentes. Recentes
pesquisas sobre a organização e os significados da família escrava, sobre as
lutas dos escravos e libertos pela realização de suas festas e crenças, sobre
as fugas, quilombos e revoltas, ou sobre a luta dos próprios escravos e seus
descendentes pela abolição já têm recebido espaço de divulgação, embora ainda
pequeno, nos livros didáticos, nos cursos de atualização de professores e em
revistas de grande circulação. A história da cultura afro-brasileira e
africana, entretanto, assim como a problematização desses conceitos, não tem
recebido a mesma atenção e divulgação. Como todos os conceitos, eles precisam
ser entendidos como categorias politicamente construídas ao longo da história
por sujeitos e movimentos sociais que os trouxeram à tona (ou os recriaram) e
os elegeram como fundamentais. Assumir naturalmente a existência de identidades
negras ou de uma cultura afro-brasileira é perder a dimensão das lutas travadas
em torno da construção de identidades - mestiça, indígena, popular, brasileira
ou regional - ao longo da história do Brasil. Sendo assim, é preciso chamar a
atenção para a importância de pensar a história dos conceitos da cultura negra
(e/ou afro-brasileira) e das identidades negras.
Paul
Gilroy tem trazido a essa discussão uma série de reflexões que ajudam a pensar
as relações entre identidades políticas negras e afirmações culturais (culturas
políticas, portanto), e são fundamentais para serem discutidas com professores
de história e agentes sociais ligados à educação das relações étnico-raciais. As
tradições inventadas de expressão musical negra são pensadas dentro de uma
prática de cultura política e política cultural. As disputas atuais sobre a
autenticidade da música negra (no caso do Brasil, as discussões sobre a origem
do samba e do funk são emblemáticas) devem ser vistas como portadoras de uma
inegável significação política. Para o autor, "as culturas do Atlântico
negro teriam um caráter desavergonhadamente híbrido" (Gilroy, 2001:
204).Stuart Hall, por sua vez, também aborda o impasse entre identidade negra e
essência cultural. Para o autor, "o momento essencializante é fraco porque
naturaliza e des-historiciza a diferença, confunde o que é histórico e cultural
com o que é natural e biológico e genético. No momento em que o significante
'negro' é arrancado de seu encaixe histórico, cultural e político, e é alojado
em uma categoria racial biologicamente construída, valorizamos, pela sua
inversão, a própria base do racismo que estamos tentando desconstruir"
(Hall, 2003: 345). Entre as tentações que essa perspectiva provoca, corre-se
sempre o risco de defender a crença numa purificação do impuro.
O
parecer sugere, primeiramente, que o ensino de história afro-brasileira
abarque, com prioridade, iniciativas e organizações negras. O texto completo
relativo a essa sugestão envolve diversos e diferentes elementos, que muitas
vezes sugerem uma continuidade básica e estrutural da história e da cultura
afro-brasileira, quando, por exemplo, relaciona o quilombo de Palmares, do
século XVII, com as comunidades negras hoje classificadas como remanescentes de
quilombos. Porém, sua principal e mais fecunda intenção é, sem dúvida, o
incentivo ao trabalho com a história local, buscando conhecer a história das
associações que se identificam enquanto organizações negras (que têm
contribuído para o desenvolvimento de comunidades, bairros, localidades,
municípios, regiões). Exemplos: remanescentes de quilombos, associações negras recreativas,
culturais, educativas, artísticas, religiosas (irmandades católicas ou grupos
evangélicos), de assistência, de pesquisa, grupos do movimento negro. Nesse
sentido, o foco do trabalho escolar sobre essas associações pode se colocar
sobre sua historicidade, destacando exatamente o processo histórico de
construção da identidade negra do grupo, e as diversas matrizes culturais
(africanas, portuguesas, norte-americanas etc.) por ele acionadas. Assim, os
estudantes podem reconhecer, de forma prática, que tradições e experiências
confluíram para definir, hoje, a identidade negra dos grupos estudados. Além do
mais, abre-se a possibilidade de se avaliar a atuação política dos afrodescendentes
para além do período de luta contra a escravidão, perspectiva que predomina nos
livros didáticos e no próprio ensino de história.
Em
uma outra estratégia de ensino, um certo sentido de valorização do tradicional
como aquilo que formalmente resiste a mudanças não deixa de estar presente
quando o texto das "Diretrizes" sugere que se traga para a escola
congadas, moçambiques, rodas de samba ou maracatus, como formas de ser e viver
da cultura negra. No entanto, tais manifestações têm história, precisam de
tempo e lugar para acontecer, e isso pode ser destacado pelo professor, para
não se correr o risco de mumificar tais manifestações no trabalho em sala de
aula, com resultados contrários aos que pretendem as "Diretrizes"
aprovadas. Sempre que possível, tal abordagem pode ser feita associada a grupos
e associações que desenvolvem essas manifestações hoje, de forma que elas sejam
percebidas como manifestações culturais vivas, ligadas a lutas políticas e
sociais atuais e, portanto, sujeitas a transformações de significados ao longo
do tempo.
Após
um estudo pertinente nas Escolas, se constatou que poucas delas a implementam e
quando a tornam em prática se atendem especificamente o Ensino Fundamental, e
em sua maioria das vezes, são cumpridas
exclusivamente aos professores (as) de história, e em outros casos pelos
demais professores das outras disciplinas. Toda essa informação se deu pelos
representantes do Movimento Negro do município de Cachoeiro de Itapemirim, onde
resido. Após coleta de dados, o Plano de Ação, possui a finalidade de averiguar
se há uma efetiva implementação dessa Lei no município de Piúma, onde se
localiza o Polo.
Período
de Execução:
Junho a Agosto 2014. Caso houver
necessidade serão convidado os representantes do movimento negro, para dialogar
com as escolas, no mês de novembro, em comemoração
ao “Dia Nacional de Zumbi e da
Consciência Negra”(nome atualizado pela Lei 12.519/2011) 20.
Previsão
de Atendimento Público
·
Escolas
·
Pedagogas (os)
·
Professores (as).
·
Educandos (as).
Recursos
Materiais/ Pessoais
·
Almoço, lanche.
·
Digitação das impressões
·
Transporte com Movimento Negro.
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